O governo do Reino Unido informou que está “fazendo tudo ao nosso alcance” para derrubar a decisão que impede torcedores do Maccabi Tel Aviv de comparecer ao duelo contra o Aston Villa, marcado para 6 de novembro, em Birmingham, pela Liga Europa. A restrição foi imposta na quinta-feira (11) pelo Safety Advisory Group (SAG) da cidade, sob alegação de riscos à segurança.
Segundo o Home Office, um novo encontro do SAG deve ocorrer na próxima semana para reavaliar o cenário. O órgão disse ainda que analisa, junto à polícia, quais recursos adicionais seriam necessários para garantir a presença de todas as torcidas.
Polícia classifica partida como “alto risco”
O West Midlands Police classificou o confronto como “alto risco” com base em informações de inteligência e em incidentes anteriores. Entre eles, a força citou os confrontos violentos entre torcedores do Ajax e do Maccabi Tel Aviv em Amsterdã, em novembro de 2024, que resultaram em mais de 60 prisões e foram descritos por autoridades locais como uma “combinação tóxica de antissemitismo, hooliganismo e raiva” relacionada ao conflito em Gaza.
O SAG informou que poderá rever a proibição caso a polícia mude sua avaliação de risco. A princípio, porém, o veto segue em vigor.
Repercussão política
O líder trabalhista Sir Keir Starmer criticou a medida, classificando-a como “equivocada” e declarando que o país “não tolerará antissemitismo”. A decisão também recebeu reprovação de dirigentes do Partido Liberal Democrata e do Reform UK, além de representantes do governo israelense.
Já o Partido Verde apoiou a restrição, afirmando ser “irresponsável” contestar uma deliberação de segurança local. Em meio à disputa política, a líder conservadora Kemi Badenoch questionou a atuação da secretária do Interior, Shabana Mahmood, alegando que o ministério “nada fez” para impedir o veto. Fontes próximas à ministra negam e dizem que ela soube da proibição apenas na noite de quinta-feira.
Debate sobre segurança e moral
O deputado independente Ayoub Khan, eleito por Birmingham Perry Barr, defendeu o bloqueio. Para ele, trata-se de uma questão “moral”, além da segurança, comparando a situação a sanções impostas a clubes russos após a invasão da Ucrânia.
Imagem: bbc.com
A torcedora britânico-israelense Emily Damari, libertada de cativeiro em Gaza em janeiro, afirmou estar “chocada” com a proibição e disse que o futebol deveria unir as pessoas, não separá-las.
Protestos em eventos esportivos
Desde o início da guerra em Gaza, confrontos envolvendo eventos esportivos têm se multiplicado. Neste mês, 22 pessoas foram detidas nos arredores do Estádio Ullevaal, em Oslo, antes de Noruega x Israel, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Em Udine, cerca de 5 mil manifestantes protestaram antes de Itália x Israel, e houve confrontos com a polícia. Na quarta-feira (10), atos contra o jogo de basquete Valencia x Hapoel Tel Aviv, na Espanha, também terminaram com prisões.
O governo britânico busca agora um acordo com as autoridades locais e a polícia de West Midlands para garantir que a partida em Birmingham ocorra com a presença de torcedores de ambas as equipes.
Com informações de BBC News