Marcus Rashford chegou ao Barcelona por empréstimo do Manchester United no início da temporada e, em poucos meses, transformou-se em titular absoluto sob o comando de Hansi Flick. O atacante inglês participou dos 11 jogos oficiais do clube até agora, marcou três gols, distribuiu quatro assistências e lidera as ações ofensivas do atual campeão espanhol.
Negociação começou há um ano
Relatórios de observação sobre Rashford já existiam há temporadas, mas as conversas ganharam força há cerca de 12 meses, quando o irmão e agente do jogador, Dwaine Maynard, abriu diálogo com o Barça para uma possível mudança em janeiro. Na ocasião, o limite financeiro para registrar Dani Olmo impediu qualquer avanço, e Rashford acabou cedido ao Aston Villa após perder espaço com o técnico Ruben Amorim em Old Trafford.
No último verão europeu, Deco buscava outras opções — Luis Díaz, que acabou no Bayern de Munique, e Nico Williams, que renovou com o Athletic Club —, mas dois fatores recolocaram o inglês no topo da lista: o custo era o mais viável, mesmo com 15% de redução em seu salário, e Flick insistiu pela contratação. Agentes espanhóis Arturo Canales e Fernando Solanas atuaram como intermediários, e um escritório de advocacia que costuma trabalhar para o Manchester City ajudou a fechar os detalhes.
O acordo, sem multa se o Barça não exercer a compra, inclui opção de transferência definitiva por 30 milhões de euros. Rashford tornou-se o primeiro britânico a integrar o elenco principal masculino do clube catalão desde Gary Lineker.
Adaptação rápida fora e dentro de campo
Instalado em uma urbanização nas montanhas de Gavà, próxima a Castelldefels, o atacante divide o tempo livre entre partidas de pádel, pescarias e idas à praia. No CT Joan Gamper, entretanto, é onde se sente “em casa”. Companheiros relataram surpresa com sua humildade, e o inglês já se entrosa com veteranos como Robert Lewandowski e Wojciech Szczesny, além do grupo de jovens liderado por Lamine Yamal. Rashford estuda espanhol e aprendeu rapidamente expressões usadas nas brincadeiras do elenco, como “chuche” (doce).
Ronald Araújo resumiu o impacto do reforço: “Ele é espetacular. Está feliz e nos ajuda muito com velocidade e explosão”.
Escassez de atacantes deu protagonismo
Flick planejava introduzir Rashford gradualmente, mas lesões de Yamal, Raphinha, Lewandowski, Ferran Torres, Fermín López e Dani Olmo obrigaram o inglês a atuar em todas as partidas. Usado preferencialmente pelo lado esquerdo, também foi testado como centroavante — possibilidade considerada para o futuro caso permaneça na Catalunha.
No aspecto tático, o camisa 14 evolui rápido. O técnico alemão orienta instruções curtas, pedindo dribles e ações diretas. Rashford registra média de 5,97 tentativas de drible por 90 minutos, acima das 3,61 de Raphinha, mas distante das 13,22 de Yamal.
Imagem: espn.com
Melhor atuação e pontos a melhorar
O auge até aqui foi na vitória por 2 a 1 sobre o Newcastle, pela Liga dos Campeões, quando marcou dois gols. O terceiro tento saiu no revés por 4 a 1 diante do Sevilla. A comissão técnica, contudo, cobra mais eficiência: ele já acertou a trave em cobrança de falta contra o Girona e é o principal batedor de bolas paradas, com 37 escanteios — Raphinha, o segundo, tem 13.
Pressão sem bola em desenvolvimento
Flick deseja intensidade maior na marcação alta. Segundo dados da LaLiga Football Intelligence, Rashford saltou de 18,9 para 34,9 sprints por partida em comparação com a Premier League passada e agora percorre mais de 630 metros por jogo a velocidades superiores a 21 km/h (antes eram 122 metros). Mesmo assim, ainda está abaixo de Raphinha, líder da pressão com 45,3 sprints e mais de 810 metros percorridos nessa faixa de velocidade.
Próximos desafios e futuro indefinido
O Barcelona recebe o Olympiacos nesta terça-feira, precisando recuperar-se da derrota para o Paris Saint-Germain na Champions, e visita o Real Madrid no domingo, dois pontos atrás do rival na LaLiga. A permanência de Rashford, porém, será avaliada apenas no fim da temporada, levando em conta desempenho, finanças, a eleição presidencial de 2026 e o posicionamento da diretoria.
Internamente, alguns dirigentes já rotulam os 30 milhões de euros como “oportunidade imperdível”. Deco, diretor de futebol, lembra que não há penalidade se o clube decidir não comprar: “Temos a opção, mas é cedo para falar sobre o próximo ano; o importante é que estamos satisfeitos com ele”.
Com informações de ESPN