Mikel Arteta inicia a temporada 2025/26 pressionado a transformar o Arsenal em campeão da Premier League pela primeira vez desde 2004 e, assim, fugir do roteiro que encerrou o trabalho de Gareth Southgate na seleção inglesa.
Comparações que mudam
Desde que assumiu o Arsenal, em dezembro de 2019, Arteta foi comparado a Pep Guardiola pelo histórico no Manchester City e, mais tarde, a José Mourinho pelo foco defensivo. Agora, o espanhol é colocado lado a lado com Southgate, que deixou o cargo de técnico da Inglaterra em julho após perder a final da Euro 2024 para a Espanha por 2 a 1.
Críticas semelhantes
Assim como Southgate ouviu que “jogava com o freio de mão puxado”, Arteta foi acusado do mesmo após a derrota por 1 a 0 para o Liverpool, em agosto, e o empate por 1 a 1 com o Manchester City, em setembro. O desempenho nesta campanha definirá se os Gunners acabarão com 22 anos de espera pelo título inglês.
Heranças complicadas
Southgate assumiu a seleção em 2016 após o vexame diante da Islândia na Euro e a saída de Sam Allardyce, envolvido em escândalo, após apenas 67 dias. No Arsenal, Arteta herdou um vestiário rachado e torcedores desconectados do clube depois da passagem de Unai Emery.
Reforma cultural
Os dois treinadores recorreram a métodos pouco convencionais. Southgate levou seus jogadores para treinos com os Fuzileiros Navais; Arteta consultou pilotos da RAF para aprimorar comunicação em campo. O título da Copa da Inglaterra de 2020 deu respaldo ao espanhol, enquanto a semifinal da Copa do Mundo de 2018 validou o trabalho do inglês.
Aposta na juventude
Ambos aceleraram a promoção de jovens. Southgate convocou, em 2018, o elenco mais inexperiente daquele Mundial. Arteta apostou em Bukayo Saka, Emile Smith Rowe, Ethan Nwaneri, Myles Lewis-Skelly e Max Dowman.
Imagem: espn.com
Bolas paradas decisivas
No Mundial da Rússia, nove dos 12 gols da Inglaterra saíram de lances de bola parada, número recorde desde 1966. O Arsenal seguiu caminho parecido: desde 2023/24 já marcou 36 gols em escanteios, 15 a mais que qualquer outro clube no período. Dos técnicos com mais de 300 gols na Premier League, apenas Tony Pulis (21,9%) e Sean Dyche (18,6%) superam Arteta (16,7%) em percentual de bolas paradas.
Pressão por mais ousadia
Críticos entendem que o elenco atual do Arsenal — reforçado em mais 260 milhões de libras na última janela — pede uma abordagem menos cautelosa. A vitória sobre o Newcastle, em 28 de setembro, foi apontada como sinal de mudança. “Se você vai sair de campo, use todas as armas do seu arsenal”, cobrou Gary Neville na Sky Sports. Segundo ele, Arteta lançou mão de todas as opções ofensivas naquela partida, atitude que torcedores esperam ver com frequência.
Com elenco qualificado, resultados recentes e o exemplo de Southgate ainda fresco, Arteta tem a oportunidade de encerrar o jejum de títulos nacionais e consolidar uma cultura vencedora que resista às comparações.
Com informações de ESPN
