Transferências de estrelas da seleção dos EUA para a Europa acendem alerta na NWSL

Josias Junior

A saída da atacante Alyssa Thompson do Angel City FC para o Chelsea, sacramentada poucos dias antes de setembro, levou a técnica da seleção feminina dos Estados Unidos, Emma Hayes, a encarar pessoalmente o board de governadores da NWSL em Nova York. Diante de dirigentes que a acusavam de incentivar jogadoras a deixar o país, a treinadora foi direta: “As atletas lutaram a vida inteira pelo direito de escolher. Por que eu tiraria isso delas?”.

O que mudou para as jogadoras

Em 2022, o novo acordo coletivo da NWSL extinguiu os contratos bancados pela federação norte-americana e implantou a livre-agência total. Desde então, as convocadas da seleção são remuneradas apenas pelas chamadas e jogos internacionais, abrindo caminho para negociações livres tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos.

Esse cenário coincide com o aumento do poder de compra de clubes europeus. Em 2025, as seis transferências que ultrapassaram US$ 1 milhão envolveram equipes da Europa ou da própria NWSL. Naomi Girma deixou o San Diego Wave rumo ao Chelsea por US$ 1 milhão em novembro; Thompson foi negociada por US$ 1,4 milhão em setembro.

Por que a Europa atrai

Os fatores principais são salários mais altos, possibilidade de disputar a UEFA Women’s Champions League e o interesse de viver novas culturas. Clubes como Chelsea e OL Lyon, habituais quartas-de-finalistas europeus, lideram a corrida por norte-americanas. Foi o caso da meia Lily Yohannes, de 18 anos, que trocou o Ajax pelo Lyon após temporada de destaque na Holanda.

Emily Fox, por exemplo, deixou a NWSL no início de 2024 para jogar no Arsenal e, um ano depois, participou do improvável título europeu do clube inglês. Já outras experiências não renderam o mesmo retorno: Jenna Nighswonger, contratada pelo Arsenal após o ouro olímpico, encontra dificuldades para ganhar minutos, e Crystal Dunn não se firmou no Paris Saint-Germain.

Preocupação com o teto salarial

Executivos da liga temem que o fluxo de saídas aumente. O teto salarial, fixado em US$ 3,3 milhões em 2025 e escalonado até US$ 5,1 milhões em 2030, é visto como insuficiente para acompanhar o mercado global. O instrumento de allocation money, que permitia gastos extras, está em fase final de extinção. Alguns dirigentes cogitam um modelo de “jogadora designada” para liberar investimentos acima do limite, mas não há previsão de votação.

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Imagem: espn.com

A comissária Jessica Berman defendeu o modelo atual. “Podemos ser a melhor liga do mundo mesmo com teto salarial, porque temos infraestrutura, investimento e gestão compartilhada”, declarou após a reunião de setembro.

Decisão individual

Para Hayes, o foco segue na performance da seleção. “Queremos que as atletas estejam nos melhores ambientes. Se isso vai ocorrer na NWSL ou fora dela, não cabe a mim escolher”, afirmou. Com livre-agência plena, contratos milionários e a vitrine da Champions League, cada jogadora passa a ponderar seus próprios caminhos — uma realidade que a liga norte-americana precisa aprender a administrar.

Com informações de ESPN

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