A presença de atacantes de lado atuando do “pé natural” despencou na Premier League 2024/25. Até esta altura do campeonato passado, a média era de 11 pontas tradicionais escalados por fim de semana; nesta temporada o número caiu para 4,4, redução de 60%.
Por “tradicional” entende-se o canhoto na esquerda ou o destro na direita. Já o ponta invertido aparece do lado oposto — casos de Mohamed Salah (Liverpool) e Bukayo Saka (Arsenal).
Exceções pontuais
Everton e Bournemouth contrariaram a tendência em algumas rodadas. Os Toffees escalaram o destro Iliman Ndiaye pela direita cinco vezes para manter Jack Grealish na esquerda, embora o senegalês tivesse atuado majoritariamente na ala contrária no último campeonato. Já Andoni Iraola colocou o canhoto David Brooks à esquerda e o destro Antoine Semenyo à direita em três partidas, ainda que ambos troquem de lado durante os jogos.
No último fim de semana de Premier League, apenas três pontas atuaram no lado correspondente ao pé forte: Savinho (Manchester City), Yankuba Minteh (Brighton) e Anthony Elanga (Nottingham Forest). Na mesma rodada do campeonato anterior eram 10.
Ryan Giggs pede retorno ao velho estilo
Ídolo do Manchester United, Ryan Giggs, 51 anos, defendeu a volta da ala ortodoxa durante o painel “Player Development the Manchester United way”, no Training Ground Guru, em Old Trafford.
“Espero que volte: canhoto na esquerda, destro na direita”, disse. Para o galês, o jogo atual ficou “estrangulado” pelo excesso de movimentações para dentro de campo. “Antigamente procurávamos vencer o lateral na linha de fundo e cruzar. Hoje tudo é por dentro, em tabelas.”
Imagem: bbc.com
Giggs não treina desde que deixou a seleção do País de Gales, em 2022, após acusações de agressão doméstica — ele negou e o caso foi arquivado em 2023 quando a ex-parceira se recusou a depor. Também renunciou ao cargo de diretor de futebol do Salford City, da League Two, no início deste ano. Recordista de assistências da era Premier League, o ex-jogador lamenta a perda de espontaneidade em campo, citando Jack Grealish como exemplo de talento que precisou se adaptar ao rígido modelo de posse de Pep Guardiola.
Ainda assim, Giggs elogiou exceções, como Josh King (Fulham) e Martin Ødegaard (Arsenal), que, segundo ele, mantêm a criatividade viva.
Com o declínio da ala convencional e a adoção maciça de pontas invertidos, o modelo que corta para dentro parece consolidado — ao menos por ora.
Com informações de BBC Sport