Belfast (Irlanda do Norte) – Contratada no verão de 2023 para comandar a seleção feminina da Irlanda do Norte, Tanya Oxtoby encerrou sua passagem pouco mais de dois anos depois para assumir o cargo de treinadora do Newcastle United. A saída da técnica australiana abre debate sobre o legado deixado em um período marcado por renovação do elenco, campanhas irregulares e mudanças de padrão interno.
Chegada em 2023 e metas iniciais
Oxtoby foi anunciada após as gestões de Alfie Wylie e Kenny Shiels, este último responsável pela histórica classificação à Euro 2022. Na primeira coletiva, em setembro de 2023, a ex-auxiliar do Chelsea destacou “manter padrões elevados”, adotar “processos” e “princípios” e preparar a sucessão de atletas veteranas.
Rejuvenescimento acelerado
A renovação foi o ponto de maior impacto. Do grupo que disputou a Euro 2022, com jogadoras de 34 anos ou mais – Marissa Callaghan, Julie Nelson, Sarah McFadden, Ashleigh Hutton e Rachel Furness –, apenas McFadden e Furness participaram pontualmente da nova era. Hutton se aposentou, Nelson não foi mais convocada, e Callaghan e Demi Vance ficaram fora do play-off contra a Croácia para a Euro 2025.
No total, a treinadora promoveu nove estreias. Contra a Islândia, pela Liga das Nações, a equipe apresentou média de idade de 24,8 anos, ante 26,7 na Euro. O número médio de partidas disputadas pelas atletas caiu de 42,3 para 27,8, enquanto o contingente de jogadoras que atuam fora do país aumentou: eram 13 “domésticas” no Europeu e apenas nove em um elenco de 24 no confronto com as islandesas.
Resultados em campo
A seleção participou de duas edições da Liga das Nações e da campanha de classificação para a Euro 2025, mas ficou fora do torneio continental. Os momentos mais marcantes vieram em lances decisivos:
- Gol de Lauren Wade nos acréscimos contra a Croácia, em outubro de 2024, pelo play-off da Euro.
- Dois gols tardios de Simone Magill na vitória sobre a Bósnia-Hezergovina, em fevereiro de 2024.
- Triunfo por 4 a 0 sobre a Albânia, além de vitórias fora de casa diante de Bósnia-Hezergovina e Montenegro.
Apesar dos bons momentos, foram 11 derrotas sob o comando de Oxtoby; todas, exceto uma, contra seleções que disputaram a última Copa do Mundo ou Euro. Revés por placares elásticos frente a Noruega, Polônia, Portugal, Islândia e República da Irlanda evidenciaram a distância para o primeiro escalão europeu.
Imagem: bbc.com
Desafios estruturais
Desde a criação da Liga das Nações, a Irlanda do Norte permanece na Liga B. A equipe se mostra superior às seleções da Liga C, mas encontra dificuldades diante das da Liga A. O grande desafio para o sucessor de Oxtoby será transformar potencial em resultados que permitam nova classificação a um grande torneio.
Próximos passos da federação
A Associação de Futebol da Irlanda do Norte avalia se opta por um nome interno ou mais uma vez recorre a um estrangeiro. Entre as opções locais estão Gail Redmond, atual técnica das seleções sub-17 e sub-19, e Kim Turner, bicampeã da Women’s Premiership pelo Glentoran. No Cliftonville, John McGrady, Claire Carson e Brendan Lynch também são citados. Ex-jogadoras como Callaghan, Furness e Nelson iniciaram carreira fora das quatro linhas e podem surgir no futuro próximo.
A transição generacional acelerada e a instalação de uma cultura de “padrões não negociáveis” são, por ora, as principais marcas deixadas por Tanya Oxtoby, enquanto a Irlanda do Norte aguarda a definição de quem comandará o grupo nas Eliminatórias para a Copa do Mundo.
Com informações de BBC Sport